Sabe aquele filme que promete mundos e fundos, mas entrega só o básico? Pois é, “Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo”, dirigido por Eli Roth, é exatamente isso. Baseado na famosa franquia de videogames que mistura humor ácido, caos desenfreado e muita violência estilizada, o filme tinha tudo para ser uma explosão de adrenalina e diversão. Mas, no final das contas, acabou sendo uma tentativa meio sem brilho de capturar a essência do jogo.
Logo de cara, o que chama atenção é o elenco. Cate Blanchett como a mercenária Lilith? Isso por si só já gera uma expectativa lá em cima. E com Kevin Hart, Jamie Lee Curtis, Jack Black e mais um monte de nomes conhecidos no elenco, parecia impossível dar errado. E de fato, o elenco faz o possível para entregar boas performances. Cate Blanchett dá um ar de mistério e poder à Lilith, Kevin Hart traz seu carisma habitual, e Jack Black, como o robô tagarela Claptrap, consegue arrancar boas risadas. Mas, mesmo com tanto talento reunido, parece que o roteiro simplesmente não sabe o que fazer com eles.
A trama se passa no caótico planeta Pandora, onde Lilith é contratada para resgatar a filha do criador das armas Atlas. Só que, claro, as coisas não são tão simples assim, e ela acaba se juntando a uma equipe bem peculiar. A partir daí, a história deveria deslanchar para uma aventura épica, cheia de ação e reviravoltas. Mas o que a gente vê é uma narrativa meio apressada, cheia de atalhos e sem muita substância. Sabe quando parece que pularam algumas páginas do roteiro? É exatamente essa sensação.
Agora, visualmente, o filme acerta em cheio. A estética é fiel ao jogo, com aquele visual pós-apocalíptico cheio de cores vibrantes e cenários desolados que lembram bastante a Pandora dos games. Os figurinos também são um show à parte, com cada personagem parecendo ter saído diretamente da tela do videogame. É aqui que “Borderlands” brilha um pouco, mas só na superfície.
O grande problema é que, apesar de todo esse visual caprichado, o filme parece hesitar em abraçar o caos e a violência que são marcas registradas da franquia. No jogo, a violência é exagerada, quase cômica, e o caos é o que torna tudo divertido. No filme, essa violência é atenuada, claramente para não elevar a classificação indicativa. O resultado? Uma versão mais leve e, infelizmente, menos empolgante do que deveria ser. É como se tivessem dado um banho de loja em algo que deveria ser sujo e caótico.
E falando em humor, ele está presente, mas é meio tímido. Quem jogou “Borderlands” sabe que o humor é ácido, às vezes até absurdo. No filme, ele aparece aqui e ali, mas nunca com a força necessária para realmente se destacar. Até mesmo Jack Black, que tem um timing cômico invejável, parece contido.
No fim das contas, “Borderlands” acaba sendo um filme bonito de se ver, com um elenco de peso, mas que não consegue ir muito além disso. Faltou coragem para realmente se jogar na insanidade que é a essência do jogo. Em resumo? “Borderlands” é um daqueles casos onde a forma supera o conteúdo. Bonito, divertido em alguns momentos, mas no final das contas, não é nada mais que uma boa oportunidade perdida.
O filme está em exibição nos cinemas.
Texto por Alan Dias