A Viúva de Clicquot | Quando a Perseverança Faz História

Cinema Críticas

“A Viúva de Clicquot” é um daqueles filmes que, mesmo com suas falhas, consegue te prender do início ao fim, graças à força da sua protagonista e a uma história que ressoa com o público. Dirigido por Thomas Napper, o filme nos transporta para a França do início do século XIX, onde acompanhamos a jornada de uma mulher determinada a preservar o legado de seu marido e, de quebra, mudar a história do champanhe. 

O longa começa de maneira promissora, apresentando um casal apaixonado não só um pelo outro, mas também pela arte de fazer vinhos. O marido, um enólogo obcecado pela perfeição, investe tudo o que tem na criação do vinho ideal. No entanto, o que poderia ser uma história de sucesso se transforma em tragédia quando suas repetidas falhas o levam a um colapso emocional e, eventualmente, ao suicídio. É nesse ponto que o filme realmente ganha força, focando na viúva (interpretada com maestria) que decide não só salvar a empresa da falência, mas também honrar o sonho do marido, transformando seus fracassos em uma nova empreitada: a produção de champanhe.

A história de resiliência dessa mulher é o coração do filme. Em uma época dominada por homens e por guerras, ela se recusa a vender o vinhedo e, em vez disso, aposta tudo no champanhe – uma bebida que, na época, não tinha o prestígio que tem hoje. E é justamente essa escolha que faz toda a diferença. Mesmo com os desafios impostos pelas sanções de Napoleão e a perda quase total de sua primeira grande remessa, a protagonista persevera, e seu esforço finalmente é recompensado quando seu champanhe é descoberto e apreciado por um membro da corte.

Napper nos entrega um filme visualmente deslumbrante, com cenários que capturam a beleza dos vinhedos franceses e uma direção de arte que te imerge na época. No entanto, a força visual do filme não compensa completamente suas falhas narrativas. A conexão emocional entre o casal, que deveria ser o fio condutor da trama, acaba sendo deixada de lado. O que poderia ter sido uma história profunda sobre amor e perda se transforma, em alguns momentos, em uma simples narrativa de superação, sem o peso emocional que se esperaria de uma história tão poderosa.

Mesmo assim, “A Viúva de Clicquot” é um filme que merece ser visto, especialmente por quem gosta de dramas históricos e histórias inspiradoras de superação. A protagonista é uma personagem forte e cativante, que carrega o filme nas costas e faz o público torcer por ela a cada passo do caminho. Embora o filme não explore completamente todo o potencial emocional da sua história, ele ainda assim consegue deixar uma marca e, quem sabe, inspirar os espectadores a nunca desistirem de seus sonhos, por mais impossíveis que possam parecer.

O filme estreia nesta quinta (22) nos cinemas.


Texto por Fábio Mendonça

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