“Estômago 2 – O Poderoso Chef” chega como uma sequência que ninguém esperava, mas que muitos, incluindo eu, ficaram curiosos para conferir. Afinal, o primeiro “Estômago” se tornou um clássico instantâneo do cinema nacional, com sua mistura única de gastronomia e violência. No entanto, o retorno ao universo criado por Marcos Jorge deixa um gosto agridoce na boca.
O que mais me surpreendeu negativamente foi a decisão de relegar Nonato/Alecrim (vivido brilhantemente por João Miguel no primeiro filme) a um papel secundário. Para quem se apaixonou pela trajetória do cozinheiro, essa escolha é um golpe duro. O que era para ser uma continuação de sua história se transforma em uma nova narrativa, focada no personagem italiano Benedetto Caroglio, interpretado por Nicola Siri. E aqui está o maior problema do filme: Caroglio simplesmente não tem o carisma necessário para carregar a trama, que acaba se arrastando e caindo no aborrecimento.
Desde o início, o filme quebra as expectativas ao deixar claro que Nonato não será o protagonista desta vez. Em vez disso, somos jogados em uma série de flashbacks em italiano que, com sua estética de novela de baixo orçamento, tentam nos convencer da importância de Caroglio. Seu caminho até a prisão brasileira, é envolto em mistério, mas, francamente, é difícil se importar. A história tenta nos fazer acreditar que o confronto entre Caroglio e Etcétera (Paulo Miklos) pelo controle da prisão e pelo domínio de Alecrim é relevante, mas falta a tensão e a profundidade emocional que fizeram do primeiro filme uma experiência tão envolvente.
Os pontos positivos são poucos e dispersos. Ainda há momentos de brilho na forma como a culinária é utilizada como metáfora para o poder e a sobrevivência, mas esses momentos são abafados por um roteiro que se perde em atuações fracas (a participação de Projota, por exemplo, é no mínimo questionável) e efeitos visuais que parecem mais uma caricatura do que uma tentativa séria de criar algo visualmente interessante.
No fim das contas, “Estômago 2 – O Poderoso Chef” falha em quase todos os aspectos que fizeram do primeiro filme uma obra marcante. A ausência de um protagonista forte e a introdução de uma trama que parece sem direção transformam o filme em uma sequência decepcionante, difícil de digerir.
O filme estreia dia 29 de agosto nos cinemas.
Texto por Alan Dias.