“Entrevista com o Demônio” é um filme que nos transporta para os anos 70, imersos na estética e nos valores daquela época, enquanto seguimos a trajetória de Jack Delroy (interpretado por David Dastmalchian), um ambicioso apresentador de talk show. Delroy, que começou sua carreira em um programa local de Chicago, alcança o estrelato nacional, mas seu desejo de ser o número um da TV o leva a fazer escolhas arriscadas e, muitas vezes, sombrias.
A premissa do filme gira em torno de uma transmissão ao vivo especial durante a semana do Ibope, um período crucial para os programas de TV, quando a audiência é medida e as emissoras fazem de tudo para atrair espectadores. Jack, juntamente com seu produtor, decide levar o tradicional programa de Halloween a um novo patamar, convidando um elenco peculiar de personagens interligados tematicamente pelo sobrenatural.
Entre os convidados, temos Christou, um médium com habilidades aparentemente fraudulentas, e Carmichael, um desmascarador que rapidamente expõe os truques de Christou. A peça central da noite, porém, é a parapsicóloga Dra. June Ross-Mitchell e Lilly, a única sobrevivente de um suicídio em massa de um culto satânico. A partir desse ponto, o filme mergulha em uma espiral de eventos cada vez mais bizarros e inquietantes.
A ambientação dos anos 70 é um dos pontos altos do filme. A produção conseguiu recriar com precisão os cenários e o visual dos talk shows noturnos daquela época, onde era comum ver os convidados fumando e tanto anfitriões quanto entrevistados trajados impecavelmente. Esse cuidado com os detalhes oferece ao filme um charme nostálgico que é difícil de resistir.
No entanto, apesar de um começo promissor, “Entrevista com o Demônio” se perde no terceiro ato. A produção se apressa em resolver a trama, resultando em um final que parece forçado e incompleto. Os efeitos visuais, que poderiam ter sido um diferencial, acabam sendo decepcionantes e muitas vezes quebram a imersão do espectador. O que inicialmente parecia ser um thriller psicológico e sobrenatural se transforma em uma peça teatral rígida, sem a tensão necessária para manter o interesse do público.
Mas a produção tem seus méritos, especialmente na recriação da época e na construção inicial da tensão. No entanto, falha em entregar um clímax satisfatório, deixando a sensação de que poderia ter sido muito mais.
O filme estreia dia 04 de julho nos cinemas.