“O Bastardo” é o tipo de filme de época que não passa despercebido, principalmente quando traz Mads Mikkelsen no elenco. Dirigido por Nikolaj Arcel, o longa é visualmente impressionante e mergulha em um drama intenso, onde o embate entre um homem determinado e um nobre corrupto se torna o fio condutor da trama.
Mikkelsen interpreta Ludvig Kahlen, um ex-oficial do exército dinamarquês, agora empenhado em transformar a árida charneca da Jutlândia em terras férteis. Esse objetivo aparentemente simples coloca Kahlen em rota de colisão com Frederik de Schinkel (Simon Bennebjerg), um vilão daqueles que você adora odiar. Schinkel é um proprietário de terras que, acostumado a ter tudo ao seu alcance, se vê desafiado por Kahlen, um homem que não tem nada a perder, exceto sua honra.
A trama não se limita a um confronto simples entre os dois. Há camadas profundas que exigem certa paciência e dedicação do espectador. Enquanto o filme nos mostra uma luta de classes clássica, ele também toca em temas de amor, poder e vingança, e faz isso de forma inteligente e envolvente.
Mikkelsen, como sempre, domina a tela com uma performance sutil, mas carregada de emoção. Seu olhar transmite toda a dor e determinação de um homem que já foi rejeitado por sua origem, mas que agora luta por algo maior do que ele mesmo. O que torna “O Bastardo” ainda mais envolvente é a capacidade de Mikkelsen de dizer tanto com tão pouco. Seu personagem não é apenas um “herói”; ele é um homem com falhas, movido por um senso de justiça que o coloca em rota de autodestruição.
Por outro lado, Simon Bennebjerg entrega um dos vilões mais detestáveis do cinema recente. Seu Schinkel é arrogante, cruel e manipulador, mas também carrega uma complexidade que o torna interessante de assistir.
O que impressiona também é a direção de Nikolaj Arcel. Ele consegue balancear a grandiosidade dos cenários e das paisagens com a intimidade dos conflitos humanos. Cada quadro parece ter sido cuidadosamente pensado, e o filme é visualmente deslumbrante.
Se há um ponto negativo em “O Bastardo”, é que a história pode, às vezes, parecer um pouco densa demais, especialmente no início. A trama demora a engatar, mas, quando o faz, se torna uma experiência emocionante e envolvente.
No fim das contas, “O Bastardo” é um filme para quem aprecia dramas históricos com personagens fortes e conflitos que vão além da superfície. Não é um filme de ação frenética, mas sim um estudo profundo sobre a natureza humana, honra, e o quanto alguém está disposto a sacrificar por aquilo em que acredita.
O filme estreia dia 12 de setembro nos cinemas.
Texto por Alan Dias.