Crítica | Fale Comigo

Cinema Críticas

Sendo mais um lançamento de terror da A24, o público e crítica já se antenam a respeito. Não foi diferente no caso de “Fale Comigo”, a nova aposta da produtora nos jovens fãs de terror, e acerta num bom combo entre a simplicidade e bons sustos. É uma trama simples, mas que convence nos dramas que apresenta e cria seu próprio espaço em um gênero que tende a se repetir constantemente.

Divulgação | Diamond Films

 A história é sobre um grupo de jovens que se divertem com um objeto sobrenatural capaz de se comunicar com os mortos. O que seria um clichê previsível nos conquista por apostar no terror além dos espíritos e desenvolver seus personagens de maneira justa. Embora nem todos ganhem o holofote central, o filme dedica cenas a todos de maneira que suas presenças não soem descabidas. Não há um grande mistério que percorra os caminhos, mas a tensão e o desequilíbrio gerados pelas sessões com os espíritos ganham camadas mais intensas no decorrer que os traumas mais latentes de alguns personagens são explorados.

 O terror aqui é além do sobrenatural, é sobre a dificuldade que se tem quando passamos por grandes perdas ainda na juventude e a falta de maturidade em lidar com nossas válvulas de escape. Precisamos de certos refúgios, mas não há vida em se manter fugindo de si, e partindo de tal premissa as atitudes da protagonista podem soar controversas quando se vistas pela nossa ótica na sala do cinema, mas basta um pouco mais de reflexão que até os erros soam plausíveis.

Divulgação | Diamond Films

Mesmo com seus dramas paralelos, “Fale Comigo” ainda é um filme de terror com bons sustos. Destaco o bom uso de maquiagens e a direção competente em criar tensão a partir de dinâmicas que começam de maneira corriqueira até desaguarem em conclusões sinistras. As atuações são boas e não caem na armadilha de diálogos forçados ou situações discrepantes ao mostrar a rotina de jovens do nosso tempo. Talvez o personagem babaca soe datado, mas mediante aos temas abordados no filme ele acaba por se encaixar como um clichê que tende a se perdurar pelas décadas, se justificando sem o filme nos contar isso.

 Acredito que o terceiro ato deixe um pouco a desejar, mas nada que estrague a experiência, senti falta de algo mais impactante que ficasse um pouco mais tempo conosco ao terminar a sessão, mas sua última cena intriga e abre margem para uma sequência já confirmada. Algo discutível, mas que no saldo geral não diminui os acertos até sua conclusão.

Fale Comigo” acerta em seu tom e prerrogativa iniciando, o que pode se tornar, uma franquia interessante sobre nossas ligações com a vida, a morte e o impacto disso na juventude, nos fazendo olhar com outros olhos os cantos escuros de nossos quartos e dores.

O filme chega dia 17 de agosto nos cinemas brasileiros.

 

Texto por Emídio Freitas.

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