De Volta ao Coliseu: Gladiador II Tenta Reinventar o Que Já Era Perfeito

Cinema Críticas

Mais de duas décadas depois, Ridley Scott retorna ao Coliseu com “Gladiador II”, um épico que traz nostalgia, mas também questionamentos sobre a necessidade de retomar essa história. Aqui, seguimos a história de Hanno/Lucius (Paul Mescal), um jovem bárbaro que perde tudo nas mãos do Império Romano, liderado pelo impiedoso Acacius (Pedro Pascal). Em um caminho bem familiar, Lucius é capturado, vê sua família ser massacrada, e acaba na arena, em busca de vingança.

Divulgação – Paramount Pictures

 A estrutura da trama é similar à que conhecemos do primeiro filme, com uma narrativa que leva Lucius de um prisioneiro revoltado a um gladiador sedento por vingança. Paul Mescal consegue transmitir a raiva e dor de um personagem marcado pela tragédia, mas é Denzel Washington que rouba a cena. Interpretando o empresário romano Macrinus, ele eleva o tom do filme e traz um toque de classe e intensidade, criando uma figura manipuladora e carismática. A dinâmica entre Lucius e Macrinus, que vê no jovem guerreiro um potencial para lucrar, traz uma camada interessante à trama.

Quando se trata das cenas de batalha, Scott mostra que ainda sabe criar momentos que nos deixam na ponta da cadeira. A abertura do filme, uma sequência brutal na Numídia, é daquelas que fazem a gente lembrar o poder do cinema épico. Com trilha sonora grandiosa, a violência crua e estilizada dá o tom de espetáculo que esperávamos. Só que, com o passar das cenas, fica um pouco óbvio que a fórmula é a mesma do primeiro filme – até demais. As lutas, os arcos, algumas falas… tudo ecoa o original, o que gera uma sensação mista de nostalgia e repetição.
   

Divulgação – Paramount Pictures

Os imperadores gêmeos, Geta e Caracalla, interpretados por Joseph Quinn e Fred Hechinger, respectivamente, também lembram bastante o decadente Commodus (Joaquin Phoenix) de 2000. Os atores fazem o possível, mas a construção dos personagens soa exagerada e carente de profundidade, beirando quase uma caricatura. Fica claro que o filme tenta forçar uma conexão com o primeiro “Gladiador” e, nesse processo, perde um pouco de sua própria autenticidade.

No fim das contas, “Gladiador II” vale o ingresso – é um espetáculo visual digno e traz atuações de peso, especialmente de Denzel. Mas, apesar de todas as batalhas e glórias na arena, o filme parece se agarrar demais ao passado, e falta uma certa originalidade que transformou o primeiro em um clássico. Para os nostálgicos, é uma viagem interessante e divertida de se fazer; para quem esperava uma reinvenção, talvez fique o gostinho de que Roma já brilhou mais.

O filme estreia dia 14 de novembro nos cinemas.

Texto por Alan Dias.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *