“Família” é um drama japonês dirigido por Izuru Narushima que explora a complexa realidade dos dekasseguis, brasileiros que migram para o Japão em busca de melhores condições de vida. Estrelado por Kōji Yakusho, o filme toca em temas profundos como imigração, identidade e a relação entre pais e filhos, mas acaba tropeçando em seu próprio ritmo e narrativa dispersa.
A história gira em torno de um artesão, chamado Seiji, (interpretado por Yakusho) que vive sozinho após a morte de sua esposa. Seu filho, que mora na Argélia, casou secretamente com uma refugiada. No Japão, eles conhecem Marcos, um jovem brasileiro que vive num conjunto habitacional Ho-oka, onde sofre um acidente quando está fugindo de uma gangue e acaba sendo ajudado por Seiji e sua família. Daí ele começa a enxergar os desafios enfrentados pelos estrangeiros que vivem no Japão. Esse despertar para a realidade dos imigrantes poderia ter sido o ponto central do filme, mas, infelizmente, a narrativa se perde em uma série de subtramas que diluem a força da história principal.
Os personagens, que poderiam ter sido a alma do filme, carecem de profundidade, e suas histórias não são desenvolvidas o suficiente para criar uma conexão emocional verdadeira com o público. O ponto alto do filme, sem dúvida, é a atuação de Kōji Yakusho. Em certos momentos, sua performance é tão poderosa que nos faz esquecer os tropeços do roteiro e nos leva às lágrimas.
No entanto, a falta de foco e de uma direção mais clara fazem com que “Família” pareça uma coleção de cenas desconexas, quase como se estivéssemos assistindo a filmes diferentes ao longo de suas duas horas de duração. O drama entre pai e filho, para mim, deveria ser o coração do filme.
Em resumo, “Família” é um filme que tinha um grande potencial, mas que se perde em sua execução. A atuação de Yakusho é o que salva a produção de ser totalmente esquecível, mas, no geral, o filme deixa a desejar em termos de narrativa e desenvolvimento de personagens.
Texto por Alan Dias